10 de junho de 2008

Olaria de Deus

Por que temos esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência seja de Deus e não nossa.

A forma pela qual chamamos uma pessoa diz muito sobre o que sentimos por ela. Pensando nisso, é no mínimo curiosa a forma como Deus, muitas vezes, nos chama. Você já pensou em ser chamado por alguém de "vaso"? Pois nós somos. E assim como em todo relacionamento, isso diz muito sobre como o Senhor nos vê. Dito isto, vamos refletir um pouco sobre o vaso. Mais especificamente sobre o vaso de barro. Quais características o Senhor viu no vaso de barro para que associasse a sua imagem a nós? Vejamos então.

Dentre todos os tipos de vaso, o que é feito de barro é um dos poucos (senão o único) que é moldado pelas próprias mãos do oleiro, sem o uso de ferramentas intermediárias. Os demais tipos (de metal, de cerâmica, etc.) são moldados com uso de alguma ferramenta, ou de algum tipo de fôrma. Essa propriedade do vaso de barro nos traz a tona uma das maiores dádivas do Cristianismo: o acesso direto ao Pai. O Senhor, que se empenha para que nós possamos nos chegar a Ele sem o uso de intermediários, faz exatamente o mesmo por nós, tendo o cuidado de nos moldar diretamente com Suas próprias mãos, para que em nós se reconheçam as Suas características.

Outra característica interessante nos remete à época em que Deus nos colocou esse apelido carinhoso: o vaso de barro possuía utilidade prática, e não apenas decorativa. Ele era utilizado largamente para se transportar água, guardar azeite, armazenar mantimentos, etc. Ele era a Tupperware de antigamente. Deus, ao nos chamar de vaso de barro, nos diz claramente que Ele quer tornar nossas vidas úteis, tanto dentro da Sua casa quanto no nosso dia-a-dia. O Senhor não quer que nós sejamos "objetos decorativos". Deus nos chamou para sermos usados por Ele e para darmos fruto. Ao falar com aqueles que seriam sua futura igreja, o Senhor Jesus foi incisivo: "Portanto, pelos seus frutos os conhecereis." (Mateus 7:20).

O vaso de barro tem ainda uma peculiaridade cativante: o seu valor é dado unicamente pelo trabalho do oleiro. O barro por si só não é atraente, e nem ao menos é valioso. Todo o seu valor, toda a sua utilidade e até mesmo a sua beleza, se devem à obra que o oleiro desenvolve nele. Será que isso quer nos dizer algo? Sim. Ao nos chamar de vaso, Deus nos mostra que tudo o que somos vem dEle e que nada temos por nós mesmos. Medite no que o Apostolo Paulo nos escreveu: "Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas [...]". O Apóstolo foi ainda mais longe, ao afirmar que "nEle vivemos, e nos movemos, e existimos [...]" (Romanos 11:36, Atos 17:28). Sermos vasos implica em reconhecer que somos inteiramente dependentes do nosso Oleiro.

Eu não poderia fechar esse post sem citar o verso que, para mim, é o texto áureo da relação Vaso-Oleiro, que Deus tem conosco: "Por que temos esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência seja de Deus e não nossa." (II Coríntios 4:7).

Na próxima vez que o Senhor Deus te chamar de vaso, se alegre. Ele está te mostrando o quanto te ama, o quanto cuida de você e quanto quer te usar.